Atualizado em 8 de fevereiro de 2025 por Natália V.
Júlio Verne é considerado o pai da ficção científica, um autor que, ainda em 1860, descreveu submarinos elétricos, viagens espaciais e até videoconferências — muito antes dessas tecnologias existirem.
Suas histórias combinam ciência, aventura e imaginação, cativando leitores por gerações e influenciando escritores, cientistas e cineastas.
Mas afinal, quem foi Júlio Verne? Como um jovem sonhador que quase fugiu para o mar se tornou um dos maiores visionários da literatura?
Neste artigo, conheça sua biografia, seus livros mais marcantes e as adaptações que levaram suas histórias para o cinema.
Quem foi Júlio Verne?
Júlio Verne nasceu em 8 de fevereiro de 1828, na cidade de Nantes, na França. Ele cresceu em uma família de classe média, e seu pai, um advogado bem-sucedido, queria que ele seguisse a mesma carreira. No entanto, Verne sempre teve uma imaginação inquieta e um interesse profundo por ciência, geografia e tecnologia.
Desde jovem, ele escrevia peças teatrais e contos, mas foi apenas depois de se mudar para Paris que começou a se dedicar seriamente à literatura. Mesmo assim, por um tempo, precisou trabalhar como corretor da bolsa de valores para se sustentar.
Seu grande sucesso veio quando publicou Cinco Semanas em um Balão, em 1863, o primeiro de seus livros de aventura que misturavam ciência e imaginação.
Apesar do reconhecimento, Verne teve uma vida com muitos desafios. Ele sofreu um atentado em 1886, quando seu sobrinho, que tinha problemas mentais, atirou em sua perna, deixando com dificuldades para andar pelo resto da vida. Além disso, enfrentou desentendimentos com seu editor, que modificava alguns de seus textos para torná-los mais otimistas.
Júlio Verne faleceu em 24 de março de 1905, aos 77 anos, em Amiens, França, devido a complicações de diabetes. Ele deixou um legado literário impressionante, com mais de 60 livros publicados, muitos dos quais ainda são lidos e adaptados para o cinema.
As ideias e valores defendidos por Júlio Verne
Júlio Verne não era apenas um escritor de aventuras; suas histórias transmitiam valores sobre ciência, exploração e a condição humana. Ele acreditava no poder do conhecimento e da tecnologia para transformar o mundo, imaginando invenções que se tornariam realidade no futuro.
Ao mesmo tempo, seus livros expressavam uma profunda curiosidade pelo desconhecido, incentivando a busca por novos horizontes.
Embora exaltasse o progresso, Verne também criticava o imperialismo e a desigualdade, como visto no enigmático Capitão Nemo, que rejeitava o domínio das grandes nações. Além disso, suas narrativas mostravam respeito pela natureza e a importância de compreender seus mistérios, em vez de simplesmente explorá-los.
Seus livros vão além da ficção, trazendo reflexões sobre a relação do homem com a ciência, a sociedade e o meio ambiente. Mesmo mais de um século depois, suas ideias continuam atuais, inspirando cientistas, escritores e sonhadores ao redor do mundo.
Melhores livros de Júlio Verne
Se você quer conhecer as melhores obras desse autor, aqui estão algumas das mais famosas e influentes:
Viagem ao Centro da Terra (1864)
Nesta história, o professor Lidenbrock descobre um manuscrito antigo que revela um caminho para o centro da Terra. Ao lado de seu sobrinho Axel e do guia islandês Hans, ele embarca em uma expedição que os leva a um mundo subterrâneo desconhecido.
A obra reflete o fascínio do século XIX pela exploração geológica e científica. Apesar dos elementos fantásticos, muito do que Verne descreveu, como a teoria das camadas da Terra e fósseis vivos, foi debatido por cientistas da época.
A história também toca no desejo humano de ir além do desconhecido, enfrentando medos e incertezas.
Vinte Mil Léguas Submarinas (1870)
O Capitão Nemo, um dos personagens mais enigmáticos de Verne, comanda o submarino Náutilus, uma máquina impressionante que navega os oceanos sem nunca precisar emergir. A bordo estão o professor Aronnax, seu assistente Conseil e o arpoador Ned Land, capturados pelo enigmático capitão.
Esse livro é um dos primeiros a explorar a ideia da autonomia submarina. O Náutilus antecipa a invenção dos submarinos modernos, enquanto o personagem de Nemo levanta questões sobre justiça, vingança e isolamento. Sua recusa em viver na superfície é um reflexo das injustiças que ele sofreu, tornando-o um dos personagens mais complexos de Verne.
A história também critica o imperialismo e o domínio das nações sobre os oceanos, levantando uma discussão sobre liberdade e conhecimento.
A Volta ao Mundo em 80 Dias (1872)
O metódico e rico Phileas Fogg faz uma aposta ousada: provar que é possível dar a volta ao mundo em 80 dias, graças aos avanços dos transportes modernos. Com seu leal ajudante Passepartout, ele parte em uma corrida contra o tempo, passando por Londres, Índia, Japão e América.
Além da aventura, o livro é uma homenagem ao progresso tecnológico do século XIX. As ferrovias, os barcos a vapor e os telégrafos haviam encurtado distâncias, tornando a volta ao mundo um desafio possível.
Mas a grande mensagem do livro não está apenas na viagem física, e sim na transformação do próprio Fogg. No início, ele é frio e meticuloso, mas ao longo da jornada, descobre que a vida não pode ser calculada apenas em números e horários.
Da Terra à Lua (1865)
Uma sociedade de entusiastas de armas nos Estados Unidos decide lançar um projétil tripulado para a Lua, décadas antes das viagens espaciais se tornarem realidade. O livro acompanha os cálculos meticulosos dos engenheiros e os desafios de tornar essa ideia possível.
Surpreendentemente, Verne antecipou com precisão diversos aspectos das missões lunares do século XX. O foguete foi lançado da Flórida, assim como as missões Apollo, e a sensação de gravidade zero é descrita de forma incrivelmente próxima do que os astronautas realmente sentiram no espaço.
A obra não se limita à ciência, também questiona o desejo humano de conquista. Os protagonistas veem a Lua como um novo território a ser explorado, refletindo o espírito expansionista da época.
Esse livro influenciou gerações de cientistas e inspirou a busca pelo espaço, mostrando que o impossível pode se tornar realidade.
Os Filhos do Capitão Grant (1867-1868)
Após encontrarem uma mensagem dentro de uma garrafa, os filhos do Capitão Grant, Mary e Robert, partem em uma busca incansável pelo pai desaparecido. Guiados pelo nobre Lorde Glenarvan, eles seguem pistas enigmáticas que os levam da América do Sul até a Oceania.
O livro mistura geografia, aventura e ciência, proporcionando uma viagem pelos diferentes cenários do globo. Além do mistério da busca, a obra reflete a relação entre seres humanos e natureza, explorando terras desconhecidas e povos com costumes diferentes.
Esse livro reforça um dos temas centrais da obra de Verne: o espírito de perseverança e a crença no conhecimento como ferramenta para superar desafios.
A Ilha Misteriosa (1874)
Cinco homens escapam de uma guerra nos Estados Unidos e acabam naufragando em uma ilha deserta. Lá, precisam sobreviver usando apenas inteligência e trabalho em equipe.
A história lembra Robinson Crusoé, mas com um toque de ficção científica e suspense. Conforme exploram a ilha, eles percebem que há algo estranho – acontecimentos inexplicáveis e recursos que parecem surgir do nada.
O grande segredo do livro é revelado no final: o misterioso benfeitor dos náufragos é ninguém menos que o Capitão Nemo, de Vinte Mil Léguas Submarinas, agora recluso na ilha.
Além da aventura, esse livro aborda a autossuficiência e o uso da ciência para superar dificuldades. Os protagonistas não apenas sobrevivem, mas recriam toda uma civilização em miniatura, mostrando a importância do conhecimento prático.
Livros que viraram filme
As histórias de Júlio Verne foram tão impactantes que muitas foram adaptadas para o cinema. Algumas das mais conhecidas são:
Viagem ao Centro da Terra (1959 e 2008)
Duas versões cinematográficas deram vida à incrível jornada ao núcleo da Terra. A versão de 2008 trouxe uma adaptação mais moderna e cheia de efeitos especiais.
Vinte Mil Léguas Submarinas (1954)
Uma das adaptações mais famosas, feita pela Disney, mostrou o Capitão Nemo e seu submarino Náutilus em uma aventura épica pelos oceanos.
A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956 e 2004)
O filme de 1956 ganhou o Oscar de Melhor Filme, enquanto a versão de 2004 trouxe Jackie Chan no papel de Passepartout.
Da Terra à Lua (1958)
Uma adaptação clássica que trouxe a visão futurista de Verne sobre viagens espaciais para a tela do cinema.
Curiosidades sobre o escritor
Tentou fugir de casa quando criança – Aos 11 anos, Verne tentou embarcar como grumete em um navio para conhecer o mundo. Seu pai o encontrou antes que a viagem acontecesse e, como castigo, fez o garoto prometer que só viajaria “através da imaginação”.
Parece que essa promessa valeu a pena!
Seu primeiro livro foi rejeitado e ficou perdido por mais de 100 anos – Paris no Século XX foi escrito em 1863, mas seu editor achou que a história era pessimista demais e se recusou a publicá-la.
O manuscrito foi encontrado apenas em 1994 e revelou que Verne imaginou um mundo cheio de arranha-céus, carros a gás e redes de comunicação avançadas, bem parecido com o que vivemos hoje.
Ele nunca saiu da Europa – Apesar de suas histórias levarem os leitores para os quatro cantos do planeta e além, Julio Verne nunca fez grandes viagens. Ele usava mapas, relatos de exploradores e estudos científicos para criar cenários detalhados e realistas.
Teve problemas financeiros antes de se tornar um autor de sucesso – Seu pai queria que ele fosse advogado, mas Verne insistiu em seguir seu sonho de ser escritor. Antes da fama, ele passou por dificuldades e chegou a trabalhar como corretor de ações para se sustentar enquanto escrevia.
Frases marcantes de Júlio Verne
Júlio Verne não apenas escreveu histórias incríveis, mas também deixou frases memoráveis. Aqui estão algumas delas:
- “Tudo o que um homem pode imaginar, outros homens podem tornar real.”
- “A ciência se compõe de erros, que, por sua vez, são os passos até a verdade.”
- “Nada se pode temer quando se tem a ciência como guia.”
- “A humanidade é um eterno viajante, em busca de conhecimento e aventura.”
Conclusão
Júlio Verne não foi apenas um escritor de histórias de aventura, mas um visionário que antecipou muitas invenções e descobertas que moldaram o mundo moderno.
Seus livros continuam a inspirar leitores de todas as idades, e sua influência se estende para além da literatura, chegando à ciência e ao cinema.
Se você ainda não leu suas obras, essa é a oportunidade para ler o mundo criado por Verne e descobrir porque ele continua sendo um dos autores mais fascinantes de todos os tempos.
Gosto de livros e histórias que me fazem sentir e ver o mundo de outra forma. Comecei com biografias e romances, mas hoje leio quase tudo. Também gosto de viajar e escrever sobre minhas experiências, sempre em busca de novas histórias para contar.
