Atualizado em 2 de abril de 2025 por Natália

Os livros de Fiódor Dostoiévski não eram apenas obras literárias, mas uma forma de explorar questões profundas sobre a condição humana. Seus romances tratam de temas como moralidade, fé, livre-arbítrio, redenção e os dilemas psicológicos dos indivíduos.
Ele buscava entender a complexidade da mente humana, muitas vezes criando personagens atormentados por dilemas existenciais e explorando os limites da razão e da loucura. Além disso, suas obras questionavam os valores da sociedade, o impacto das ideologias e a busca por sentido na vida.
Mais do que contar histórias, Dostoiévski usava a literatura como um meio de investigar o espírito humano e propor reflexões que permanecem atuais até hoje.
Se você está pensando em começar a ler as obras do autor, neste artigo falamos sobre os seus principais livros e um pouco de sua história. Confira!
Dostoiévski Livros: 12 melhores obras do gênio russo
1. Gente Pobre (1846)
O primeiro romance de Dostoiévski já traz um retrato da miséria e da humilhação. Por meio das cartas trocadas entre Makár Diévuchkin, um funcionário público miserável, e Varvara Dobrossiólova, uma jovem órfã, o livro apresenta a luta diária contra a pobreza e a desesperança.
Makár tenta manter a dignidade, mas o peso da fome, da falta de perspectivas e da humilhação constante corrompe seu espírito. Ele acredita que o amor e a generosidade podem salvar Varvara, mas, no fim, a realidade social se impõe de maneira cruel.
A obra já mostra um dos temas centrais da literatura de Dostoiévski: a tentativa de preservar a humanidade em meio ao sofrimento.
2. O Duplo (1846)
A loucura e a identidade são os temas centrais deste romance. Iákov Golíadkin, um funcionário medíocre e inseguro, começa a ver sua vida desmoronar quando surge um outro “ele”, um homem idêntico, mas com personalidade oposta: confiante, astuto e manipulador.
O protagonista se sente sufocado pelo “duplo”, que gradualmente toma seu lugar na sociedade. Aos poucos, o leitor percebe que essa figura não é um inimigo real, mas uma manifestação dos medos e fracassos do próprio Golíadkin.
O livro revela o pavor da anulação e o colapso de um homem que não suporta a própria fraqueza.
3. Memórias do Subsolo (1864)
Este livro não tem uma trama tradicional, mas sim um longo monólogo de um homem isolado, ressentido e profundamente consciente de sua insignificância.
O narrador, um ex-funcionário público, despreza a sociedade, mas também se despreza. Ele se revolta contra o mundo, mas ao mesmo tempo não faz nada para mudar sua situação. Ele se apega ao sofrimento como se fosse sua única verdade.
A obra expõe a contradição humana: a busca por sentido em um mundo que não oferece nenhuma resposta satisfatória.
4. Crime e Castigo (1866)
Rodion Raskólnikov, um jovem estudante, assassina uma agiota acreditando que sua ação pode ser justificada por um propósito maior. Ele quer provar que grandes homens podem cometer crimes sem serem moralmente culpados.
No entanto, à medida que o tempo passa, sua teoria se desfaz. O peso da culpa o atormenta, o isolamento o destrói e sua própria consciência se torna seu pior inimigo.
Dostoiévski constrói uma narrativa sufocante, onde o protagonista se debate entre justificar seu ato e buscar redenção. O livro questiona se a razão pode, de fato, justificar o assassinato e se a moralidade pode ser negada sem consequências.
5. O Jogador (1867)
Alexei Ivanovich é um homem consumido pelo jogo. Seu desejo por dinheiro não é apenas por necessidade, mas pelo prazer da aposta, pela ilusão de que pode desafiar o destino.
O romance mostra como a obsessão pelo risco pode consumir uma pessoa. Alexei não quer apenas dinheiro, ele quer provar que pode vencer a própria sorte. No entanto, ele não percebe que o jogo é sempre mais forte do que ele.
O livro reflete a experiência pessoal de Dostoiévski, que também foi viciado em jogos de azar e conhecia bem a compulsão e o desespero de perder tudo.
6. O Idiota (1869)
O príncipe Míchkin é um homem puro, que enxerga o mundo sem malícia. No entanto, sua bondade não é admirada, mas vista como fraqueza e ingenuidade.
Ao retornar para a Rússia, ele se envolve em um triângulo amoroso que revela sua incapacidade de lidar com a complexidade das paixões humanas. Sua sinceridade não o protege, mas o expõe à manipulação e ao desprezo.
O livro questiona se um homem verdadeiramente bom pode sobreviver em uma sociedade movida pelo egoísmo e pela mentira.
7. Os Demônios (1872)
Baseado em eventos reais, o romance aborda um grupo revolucionário russo que planeja um assassinato para provar sua lealdade à causa.
Dostoiévski mostra como ideias radicais podem se transformar em destruição. Os personagens não buscam apenas mudanças políticas, mas também vingança, poder e caos.
O livro expõe a influência das ideologias na mente humana e como a violência pode ser justificada por qualquer crença extrema.
8. O Adolescente (1875)
Arkadi Dolgorúkov, um jovem de 19 anos, deseja ser independente e se tornar rico para provar seu valor. No entanto, sua inexperiência e imaturidade o fazem cair em tramas que ele não compreende completamente.
O romance mostra a confusão da juventude, a busca por identidade e o desejo de romper com o passado. O protagonista se debate entre sua ambição e a realidade de suas próprias limitações.
9. Os Irmãos Karamázov (1880)
A relação entre fé, moralidade e livre-arbítrio está no centro deste livro. Os três irmãos Karamázov representam visões opostas sobre o mundo: Aliócha, o religioso; Ivan, o intelectual ateu; e Dmitri, o impulsivo.
O assassinato de seu pai os coloca em rota de colisão, enquanto o romance se aprofunda em discussões filosóficas sobre Deus, justiça e redenção.
É o livro mais complexo de Dostoiévski e sintetiza seus temas mais profundos.
10. Noites Brancas (1848)
Um homem solitário passa quatro noites conversando com uma jovem chamada Nástienka. Ele se apaixona, mas logo percebe que esse amor nunca poderá ser correspondido.
A história é sobre a fragilidade dos sonhos e a dor da realidade. O protagonista vive um momento de felicidade intensa, mas efêmera, e precisa lidar com o vazio que vem depois.
11. Humilhados e Ofendidos (1861)
Este romance apresenta personagens que vivem à margem da sociedade, explorando a desigualdade e a hipocrisia.
Dostoiévski retrata a humilhação como uma condição constante na vida dos mais fracos, mostrando que a compaixão muitas vezes não é suficiente para mudar a realidade.
12. O Eterno Marido (1870)
A relação entre um homem e o novo marido de sua falecida esposa é marcada por ressentimento e ironia.
O livro mostra como o orgulho pode impedir uma pessoa de aceitar a verdade e como a rivalidade masculina pode se tornar obsessiva.
Conhecendo um pouco da história de Dostoiévski
Fiódor Dostoiévski nasceu em 1821, na Rússia, e se tornou um dos maiores escritores da literatura mundial. Sua vida foi marcada por tragédias, dificuldades financeiras, crises epilépticas e um vício em jogos de azar, mas também por uma produção literária intensa e revolucionária.
Condenado à morte por participar de um grupo intelectual progressista, teve sua pena comutada para trabalhos forçados na Sibéria. Essa experiência moldou sua visão sobre o sofrimento humano, a fé e a moralidade, temas centrais em seus livros.
Obras como “Crime e Castigo”, “Os Irmãos Karamázov” e “O Idiota” exploram dilemas existenciais e a complexidade da mente humana, influenciando filósofos como Nietzsche e Freud. Mesmo após sua morte, em 1881, seu legado continua vivo, sendo estudado e debatido até hoje.
Por que ler Dostoiévski?
Ler Dostoiévski é uma experiência transformadora. Seus livros nos fazem refletir sobre a natureza humana, o sofrimento, a moral e o significado da vida. Ele influenciou grandes pensadores como Nietzsche, Freud e Camus, e suas obras continuam sendo estudadas e admiradas no mundo todo.
Conclusão
Os livros de Dostoiévski não são leituras fáceis. Suas histórias confrontam o leitor com as contradições da mente humana, os dilemas morais e a escuridão que cada pessoa carrega dentro de si.
Se você quer começar sua jornada pela obra do autor, Crime e Castigo é uma boa escolha. Mas para quem busca algo mais introspectivo, Memórias do Subsolo pode ser um ponto de partida revelador.
Independentemente de qual livro você escolher, a obra de Dostoiévski sempre deixará perguntas que continuarão ecoando dentro de você.
👉 Escolha o próximo artigo e continue se inspirando! Livros pra Ler. A leitura sem ponto final…

Sou autodidata por natureza, por isso tenho um verdadeiro amor por leitura, escrita, filosofia e criação. Adoro explorar novos lugares em minhas viagens, assim como descobrir e recomendar novos livros. Fora ler, as vezes arranho uma guitarra. Valorizo pessoas autênticas e sinceras.
Gosto muito da literatura russa principalmente Dostoievski de todos dele o que mais gostei foi crime e castigo
Que legal Geraldo, obrigado pelo seu comentário!