Quem foi Machado de Assis? a vida e a obra de um gênio

Atualizado em 31 de janeiro de 2025 por Natália V.

quem foi Machado de Assis

Machado de Assis é um dos maiores nomes da literatura brasileira e mundial. Sua escrita refinada, seu olhar crítico sobre a sociedade e sua capacidade de inovar na narrativa fizeram dele um autor imortal.

Mesmo tendo nascido em uma família humilde e enfrentado dificuldades ao longo da vida, ele se tornou um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e escreveu algumas das obras mais importantes da língua portuguesa.

Neste artigo, vamos explorar sua biografia, suas principais obras e o legado que deixou para a literatura.

Quem foi Machado de Assis?

Machado de Assis foi um escritor, cronista, poeta, contista e dramaturgo brasileiro, considerado um dos maiores autores da língua portuguesa.

Fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, ele é o nome mais importante do realismo no Brasil. Com uma escrita inovadora e uma visão crítica da sociedade, sua obra continua sendo estudada e admirada até hoje.

Biografia de Machado de Assis

Machado de Assis

Infância e origens

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Filho de Francisco José de Assis, um operário, e Maria Leopoldina da Câmara Machado, uma lavadeira, Machado cresceu em uma família humilde. Sua infância foi marcada por dificuldades financeiras e desafios pessoais, como a morte precoce de sua mãe.

Desde cedo, mostrou interesse pela leitura e pela escrita, mas não teve uma educação formal completa. Mesmo assim, autodidata, aprendeu francês e latim por conta própria, o que lhe permitiu ter contato com grandes obras da literatura mundial.

Juventude e início da carreira literária

Na adolescência, Machado de Assis começou a trabalhar como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional. Esse emprego o colocou em contato com escritores e jornalistas influentes da época, o que impulsionou sua entrada no mundo literário.

Seu primeiro poema publicado foi “Ela”, em 1855, no jornal Marmota Fluminense. Aos poucos, começou a colaborar com diversos periódicos, escrevendo crônicas, contos e críticas literárias. Sua habilidade com as palavras chamou a atenção, e ele foi conquistando espaço na imprensa e na literatura.

Casamento e vida pessoal

Em 1869, Machado de Assis casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, uma mulher culta e grande incentivadora de sua carreira. O casamento foi um dos pilares de sua vida, e a morte de Carolina, em 1904, foi um grande golpe para o escritor.

Machado tinha uma saúde frágil, sofria de epilepsia e gagueira, mas isso não o impediu de se tornar um dos maiores intelectuais do país.

Carreira e consagração literária

A obra de Machado de Assis pode ser dividida em duas fases:

  • Fase romântica (1860-1878): Caracterizada por romances influenciados pelo sentimentalismo, como Ressurreição (1872) e Helena (1876).
  • Fase realista (1881-1908): Marcada por uma abordagem mais crítica e psicológica, incluindo Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Dom Casmurro (1899) e Quincas Borba (1891).

Em 1897, Machado de Assis ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se seu primeiro presidente, cargo que ocupou até sua morte.

Morte e legado

Machado de Assis faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro vítima de câncer. Seu legado permanece vivo, com suas obras sendo constantemente reeditadas, estudadas e adaptadas para diversas mídias.

As duas fases da obra de Machado de Assis

Fase Romântica (1860-1878)

Os primeiros romances de Machado de Assis eram influenciados pelo romantismo, com histórias mais convencionais e sentimentalistas. Alguns dos principais livros dessa fase incluem:

  • “Ressurreição” (1872) – Seu primeiro romance, ainda marcado pelo sentimentalismo romântico.
  • “A Mão e a Luva” (1874) – Conta a história de uma jovem dividida entre dois pretendentes.
  • “Helena” (1876) – Um romance que mistura amor, segredos de família e reviravoltas.
  • “Iaiá Garcia” (1878) – Um dos últimos romances dessa fase, já mostrando traços do realismo que viria a seguir.

Fase Realista (1881-1908)

A partir de 1881, com o lançamento de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, Machado de Assis rompe com o romantismo e inaugura o realismo no Brasil. Suas obras passam a ter um tom mais crítico e irônico, explorando a hipocrisia da sociedade da época.

  • “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881) – Um romance inovador narrado por um defunto, cheio de humor ácido e críticas sociais.
  • “Quincas Borba” (1891) – Introduz o conceito do “Humanitismo”, uma filosofia fictícia que ironiza o positivismo.
  • “Dom Casmurro” (1899) – Seu romance mais famoso, onde a dúvida sobre a traição de Capitu tornou-se um dos maiores enigmas da literatura brasileira.
  • “Esaú e Jacó” (1904) – Um livro que discute as transformações políticas do Brasil através da história de dois irmãos.
  • “Memorial de Aires” (1908) – Seu último romance, narrado por um diplomata aposentado, com reflexões sobre o tempo e a velhice.

Características de Machado de Assis

O estilo de Machado de Assis é inconfundível e repleto de inovações narrativas que o destacaram na literatura brasileira. Algumas das principais características de sua escrita incluem:

Narradores pouco confiáveis – Machado frequentemente cria narradores que manipulam a história, deixando o leitor em dúvida sobre o que realmente aconteceu. Exemplos notáveis são Brás Cubas, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, e Bentinho, em Dom Casmurro.

Ironia e sarcasmo – O autor faz críticas sociais afiadas por meio do humor ácido e da ironia. Ele expõe a hipocrisia da elite brasileira e satiriza comportamentos humanos.

Quebra da quarta parede – Machado frequentemente conversa diretamente com o leitor, tornando a leitura mais envolvente e instigante. Esse recurso era incomum na época e demonstrava sua modernidade.

Profundidade psicológica dos personagens – Ele foi um dos primeiros escritores brasileiros a explorar a mente humana de forma tão profunda, descrevendo angústias, dilemas morais e contradições internas.

Crítica social e política – Seus livros abordam temas como desigualdade, corrupção, moralidade e os costumes da sociedade brasileira do século XIX.

Linguagem refinada e precisão vocabular – Seu estilo é elegante e conciso, sem exageros descritivos, o que facilita a leitura e torna suas histórias ainda mais impactantes.

A influência de Machado de Assis na literatura

Machado de Assis influenciou gerações de escritores brasileiros e internacionais. Sua obra continua sendo estudada e analisada, e seus romances permanecem entre os mais importantes da literatura em língua portuguesa. Além disso, sua genialidade é reconhecida mundialmente, sendo frequentemente comparado a autores como Dostoiévski e Flaubert.

Curiosidades sobre Machado de Assis

  • Machado de Assis era gago e tinha problemas de saúde, mas isso não impediu seu brilhantismo.
  • Nunca viajou para fora do Brasil, mas dominava idiomas e tinha grande conhecimento da literatura estrangeira.
  • Sua esposa Carolina revisava e aprimorava seus textos, sendo uma grande parceira intelectual.
  • O livro “Dom Casmurro” continua gerando debates sobre a suposta traição de Capitu, sendo um dos maiores mistérios da literatura brasileira.

Frases de Machado de Assis

Machado de Assis foi um mestre das palavras, e suas frases continuam sendo citadas por sua profundidade e ironia. Seja nos romances, contos ou crônicas, suas reflexões sobre a vida, o amor e a sociedade permanecem atuais. A seguir, confira algumas das frases mais marcantes do autor:

“A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre por mais vontade que tenha de as infringir.” (Dom Casmurro)

“O dinheiro não traz felicidade para quem não sabe o que fazer com ele.” (Quincas Borba)

“Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz.” (A Semana)

“A loucura, objeto de meu estudo, era até hoje uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.” (O Alienista)

“Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.” (Dom Casmurro)

“O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.” (Memorial de Aires)

“Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos, outras há que sorriem por saber que os espinhos têm rosas.” (Pensamentos soltos)

“O acaso é um deus e os nossos maiores inimigos são os braços com que ele nos afaga.” (Memórias Póstumas de Brás Cubas)

“A mentira é muita vez tão involuntária como a respiração.” (Esaú e Jacó)

“O melhor modo de estimarmos a nossa felicidade é contar as alegrias dos outros.” (Helena)

Machado de Assis tinha o dom de traduzir em palavras os sentimentos humanos e as contradições da sociedade.

Livros de Machado de Assis para você ler

A obra de Machado de Assis é vasta e indispensável para quem deseja conhecer a literatura brasileira em sua essência. Seus livros combinam ironia, crítica social e profundidade psicológica, tornando a leitura marcante. A seguir, confira alguns dos principais livros do autor que você precisa ler:

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)

Considerado um dos maiores clássicos da literatura brasileira, este livro inovador é narrado por Brás Cubas, um defunto que conta sua própria história após a morte. A narrativa é fragmentada, irônica e repleta de críticas à sociedade da época.

Dom Casmurro (1899)

O romance mais famoso de Machado de Assis levanta um dos maiores mistérios da literatura brasileira: Capitu traiu ou não Bentinho? A obra explora ciúmes, obsessões e as complexidades da memória, deixando a interpretação nas mãos do leitor.

Quincas Borba (1891)

Este romance acompanha a vida de Rubião, um ingênuo professor que herda a fortuna de Quincas Borba, um excêntrico filósofo criador do conceito fictício de “Humanitismo”. A história aborda temas como ganância e manipulação, sempre com a ironia característica de Machado.

Helena (1876)

Um dos romances da fase romântica do autor, Helena conta a história de uma jovem que descobre um segredo de família após a morte do pai. A trama envolve romance, mistério e reviravoltas típicas do período.

Iaiá Garcia (1878)

Este livro marca a transição de Machado de Assis para um estilo mais crítico. A história acompanha um triângulo amoroso e reflete sobre os dilemas da sociedade brasileira do século XIX.

Esaú e Jacó (1904)

A obra narra a história de dois irmãos gêmeos, Pedro e Paulo, que possuem personalidades opostas e ideias políticas divergentes. O romance é uma metáfora sobre a dualidade política do Brasil no período da transição do Império para a República.

Memorial de Aires (1908)

O último romance de Machado de Assis tem um tom mais melancólico e reflexivo. Escrito como um diário, o livro apresenta as memórias do conselheiro Aires, um diplomata aposentado que observa a passagem do tempo e as mudanças na sociedade.

Papéis Avulsos (1882)

Coletânea de contos que traz algumas das melhores narrativas curtas de Machado de Assis, incluindo o famoso O Alienista, uma sátira sobre a linha tênue entre loucura e sanidade.

Esses são apenas alguns dos muitos livros escritos por Machado de Assis. Sua obra é vasta e cheia de nuances, e qualquer um dos seus livros é uma excelente porta de entrada para quem deseja conhecer sua genialidade.

O legado imortal de Machado de Assis

Machado de Assis faleceu em 1908, mas seu legado permanece vivo. Seus livros são amplamente lidos, analisados e adaptados para teatro, cinema e televisão. Ele não apenas revolucionou a literatura brasileira, mas também demonstrou que a genialidade pode surgir independentemente da origem social.

Se você ainda não leu Machado de Assis, talvez seja hora de começar! Seu estilo envolvente e sua crítica atemporal fazem dele um autor indispensável para qualquer amante da literatura.

👉 Escolha o próximo artigo e continue se inspirando! Livros pra Ler. A leitura sem ponto final…

Rolar para cima